Repensando o óbvio

Acordar, tomar café, estudar, trabalhar, divertir-se, amar. Os dias são repletos de possibilidades, algumas mesmas que no dia anterior. For o fato da necessidade ou não de alguma rotina, algumas coisas costumo fazer em 'modo automático'. Comecei a observar isto em outras pessoas. Comportamentos lineares, repetitivos. Quase totalmente previsíveis. Quando alguém é levado a confrontar a própria realidade, nem sempre a reação é das mais naturais. Afinal, a própria vida deveria ser a coisa mais simples de se acontecer durante o dia, mas estamos mais acostumados a interpretar papeis que vamos aprendendo e treinando bastante durante toda a vida. A possibilidade de reavaliar valores e condições, que pareciam petrificadas na nossa personalidade, pode parecer mais doloroso que assumir que está errado. Por que as coisas naturais são tão temidas hoje em dia?

É pouco provável que eu saia de casa hoje e veja incontáveis gestos de humanidade de uns para outros seres humanos que habitam este pedaço do planeta onde vivo. Já pude presenciar vários episódios onde uma pessoa estranha não sabe o que fazer quando dou um 'bom dia'. Olham-me como se eu estivesse dizendo algo errado. Mas em outras, é visível a satisfação de interagir com outro ser humano.

Voltando a atacar o mau uso da tecnologia, estima-se muito o que é transmitido pela televisão. A TV é praticamente um dogma. Enquanto ela mesma não desmente alguma 'notícia', esta é tomada como verdade incontestável. Principalmente quando são atribuídos adjetivos, quaisquer que sejam, a algumas pessoas escolhidas como ídolos ou alvos. É mais fácil concordar com o que é exibido que contestar. É melhor ficar na moda que questionar a validade ou utilidade de certos ensinamentos do grande oráculo televisivo. Afinal, o que os outros vão pensar? Mas, antes disso, eu pensei antes de simplesmente aceitar? Os grupos que organizam os programas de maior audiência se preocuparam com o que vamos pensar? SIM? E como simplesmente aceitamos o ataque aos nossos valores, a ditadura do comodismo, desinformação?

Sinto que a criatividade se esvai quando assisto certos programas. O pior é ouvir o apresentador dizendo como aquilo que está fazendo é importante, quase como se houvesse uma ponta de culpa no resto de humanidade, e tentasse se justificar afirmando a própria mentira.

Repensar o óbvio, pode ser uma forma de tentarmos perceber em nós mesmos se estamos vivendo a vida evoluindo ou aceitando tudo por simples costume. O problema não são as atitudes, mas se estamos conscientes de esta-las tomando. Assumir conscientemente ou simplesmente aceitando ter algum comportamento. O que faço é importante para mim por quê? O que faço é importante para outros por quê?

A vida social parece ficar cada vez mais difícil pois os indivíduos, a cada dia, tentam se afastar da comunidade e buscar resultados simplesmente para satisfação pessoal. O nosso comportamento líquido está parecendo cada vez mais gasoso.. e sem fronteiras. Cada um comportando-se de forma aleatória, sem direção definida, sem consciência do entorno. Estamos voltando a época da vida na selva, pois não sabemos mais nosso papel aqui.

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