Pouco tempo: coisas simples

 Parece uma introdução?

Chega uma idade em que a gente começa a falar: no meu tempo era melhor. Já tem um bom tempo que repito essa frase, mas comecei a refletir mais sobre isso. Em como cheguei aqui.

Até boa parte da adolescência, o mundo e a vida parecem infinitos. Quem está bem amparado, se sente invulnerável. Acima da média e imune aos riscos.

Carlos, já quase com onze anos, achou umas atividades antigas da escola e ficou questionando porque a escola dizia que o mundo era belo e maravilhoso se não é. Não sei se já tem maturidade para entender a missão de proteger os mais novos, enquanto estão desenvolvendo certas habilidades, incluindo a criatividade, mas devido a tantas coisas que já presenciou nessa vida, de pessoas próximas que já se foram, pandemia e distanciamento de pessoas queridas, a conversa até que foi bem produtiva.

“Vocês falam que antigamente era melhor. Eu queria ter nascido antigamente pra fazer essas coisas”. Nunca é uma competição, mas é uma satisfação ter vivido algumas experiências, não por não ser possível vivê-las hoje, mas por terem acontecido no tempo em que vieram. Não sei se hoje, com a pouca maturidade que tinha na infância, iria sobreviver com plena sanidade por muito tempo. Talvez me rendesse ao sistema. Mas a pergunta é: que sistema? Quais são as regras do mundo hoje?

Passei alguns anos correndo. Trabalhava diariamente, em casa e fora (quem é/foi professor entende), a maioria, senão todos, dos turnos. A adrenalina na veia te deixa pouco espaço para pensar. Cada minuto é valioso, e correr mais rápido parece sempre ser a solução, já que o tempo não vai se dobrar facilmente.

Em um dos poucos momentos de leitura recreativa, esbarrei numa tirinha que contava a seguinte estória: “Uma vez o flash entrou numa biblioteca e, em um só dia leu todos os livros. Flash se tornou um sábio e nunca mais correu”. Aquilo não saiu da minha cabeça por um bom... é. Ainda lembro. Só não sei do autor, tinha várias fontes diferentes da mesma tirinha, mas deve ser uma pessoa com uma conversa bem intrigante.

Como construir mais tempo? Não dá. Como aproveitar melhor o tempo? Dá. Mas cada escolha tem um preço.


A tirinha é essa:



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