A ilusão da reciclagem - parte 2

Plástico, aço, alumínio, vidro. Tantos materiais comuns à nossa vida diária, que nem nos damos conta de todo caminho que levou para umas pedras tiradas de um enorme buraco, carregadas por imensos caminhões, ou líquidos estranhos retirados do fundo do oceano, tudo processado, transformado, separado, vindo parar em nossas casas em blocos, tomadas, fios, velas, botijões, recipientes.

Grande parte dessa matéria prima pode ser reutilizada. Quebra-se um ventilador e é mais fácil, e barato, comprar outro que consertar. Consertar é coisa de pobre! Bom mesmo é um novo, com design do ano, formas arredondadas, sem hélice, menos barulho. :/ Isso pode bom até quando durar.

A China já passa por este problema. Hoje, no documentário Comércio de Sucata: Vendendo Lixo para a China, exibido pela TV Escola, vi que na China já não existem reservas suficientes de matéria prima para a indústria tecnológica, assim o governo investe bastante no processo de reaproveitamento dos metais, entre outros materiais, obtidos da reciclagem. Um processo caro, complicado e, se não for feito por uma empresa especializada, fatal para os trabalhadores.

Quando falei, na primeira parte, sobre a reutilização voltada ao artesanato, não foi desmerecendo esta atividade. O artesanato é de extrema importância para a cultura, no entanto, se o problema verdadeiro não for observado, vai apenas servir de camuflagem.

O alto consumo, extração de matéria prima, tudo isso isso tem um limite. A sociedade não tem evoluído, em massa, em direção a um equilíbrio ambiental maduro. E essa caminhada não é fácil.

Uma empresa de refrigerantes voltou a lançar embalagens retornáveis, como proposta de reduzir os resíduos de garrafas PET, no entanto, a comodidade do consumidor, mais a falta de espaço nos estabelecimentos comerciais, acaba minando essa tentativa de reduzir o consumo deste produto derivado do petróleo. Cerca de metade do peso da garrafa PET é petróleo, e pode levar 400 anos para se degradar naturalmente.

Quanto a preocupação da ilusão da reciclagem, digo isso preocupado com o fato de não haver redução nem na produção nem no consumo. Se os produtos continuam a ser produzidos, a matéria prima extraída da natureza de forma irreversível, a reciclagem vai ser, sim, um pano preto sobre o verdadeiro problema.

Um ótimo exemplo, vindo do cinema infantil, é o filme Wall-e.

O consumo sustentável é algo perigoso. Se você sustenta algo é porque não é natural. A natureza não é sustentável, é cíclica.

continua...

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