Vítima do protetor

Trouxe-me uma lembrança ruim ler a reportagem de hoje do G1: Ciclista é atropelado no Dia Mundial Sem Carro, em João Pessoa.

Lembrei-me quando todo dia eu pedalava até a universidade, tranquilamente, evitava o horário de maior trânsito.

A última vez que pude percorrer aquele caminho de bicicleta, foi quando um infeliz resolveu sair da rua de casa, com seu lindo carro, e fez a curva olhando para o lado contrário. A bicicleta já estava na frente do carro, quanto parado. Ele simplesmente arrancou, acertando a roda traseira.

Não sofri nada mais que uma pancada na mão, que usei para apoiar-me no asfalto. Nem ficou marca, mas a dor levou uns dois meses para passar totalmente. O cara ficou tão assustado quanto eu na situação, e contou que era a segunda vez que batia o carro naquele mesmo ponto. |¬¬|

Insistiu para me levar ao hospital, se identificou como policial, e disse que eu estava na contra mão. |¬¬| Perguntei se tinha sido minha culpa. |¬¬| Ele desconversou, disse que não, pediu desculpas. Disse que iria pagar o prejuízo. Me deu carona até em casa, ajudou a carregar a bicicleta, deu o telefone e falou que ligasse quando tivesse feito o conserto. Nunca ouvi uma pessoa dar tantas desculpas pelo telefone. Preferi desistir. Afinal, a quem eu iria prestar queixa?

Em um programa muito interessante da TV Escola, não lembro o nome, sobre a vida na cidade. Começava afirmando algo já tão natural que ninguém mais se queixa. As cidades não são construídas para as pessoas, mas para os carros.

O dia mundial sem carro poderia ser melhor comemorado não com incentivo ao uso de outros meios de transporte, mas com a modificação cultural de quem pensa ser dono do caminho por estar num veículo mais rápido que os próximos.

Comentários

Postagens mais visitadas